sábado, julho 02, 2005

Mudar, mudanças, mudaremos

Almograve, Parque natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano - foto: Paulo Aroso Campos Posted by Picasa

Bate com força o mar na rocha que aguenta, impenetrável e habituada. É um carinho para tão forte elemento da natureza que outro, mais volátil, menos denso, o chicoteie com delicadeza e escorra por si abaixo, deixando-se engolir novamente por si próprio, até à nova vaga. Até revolver e recomeçar o vergastar carinhoso, o som ensurdecedor da onda poderosa e ressurgente de energia, vingativa contra a parede que a impede de continuar.
A onda é o meu movimento e a parede é o obstáculo que sempre surge. Passando este há mais um. E mais um. E mais um. Cada vez mais dificil mesmo que sejam sempre iguais. Como naquela corrida de resistência em que as barreiras são sempre iguais, mas que o cansaço se vai acumulando. Até à rotura.
Quase até à rotura, quase até à ruptura.
Mudei. Num dia. Mudámos. Num dia. Mudaremos. Num dia. Assim se passa, assim se passou. É daquelas coisas que se explicam - inexplicaveis - e que nunca permanecem misteriosas. Basta o humor. E o sorriso. E o sol. E o calor, e o amor e a dor e a perspectiva de se perder sem nada ganhar e a batalha duradoura e doente e presente e dolorosa... dor. Já passou.
Voltará, mascarada, como sempre o fez, seja em motivo diferente, em cara igual, nesta ou noutra vida.
Do negro se faz luz, do nada se faz tudo, da singularidade nada se explica cientificamente. Mas a ciência ainda é pobre para explicar o que se sente a cada momento, a cada singularidade. Felizmente! Porque cada vez que uma emoção é explicada e explanada à luz da ciência, mais nos tornamos autómatos neste dia a dia rotineiro, em que as unicas coisas fora do comum do dia nos dão aquela alegria da primeira vez. Mas que queremos repetir uma e outra e outra e mais outra vez... até ser esta a repetição.
Azul.

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