terça-feira, janeiro 24, 2006

Auto-retrato [como eu sou]

Durante toda a minha vida (até este momento) pautei as minhas capacidades de sucesso pesando, com algum critério, os possiveis fracassos que poderia ter e como os evitar. Essa forma de actuar sempre me possibilitou formas alternativas de chegar ao destino que pretendia e com isso aprendi bastante, e por isso estou orgulhoso. Porém evitar (possiveis) fracassos tem esse senão: evitar!
Nunca tinha pensado nisso, até ter percebido alguns fenómenos que estavam por trás desses comportamentos, ao ter possibilidade de sessões com uma psicóloga. Isso facilitou a perceber que, para não ser (ou não me considerar) um fracassado naquilo que queria para mim, me tornei um desistente. Isso, mais que qualquer fracasso, marca a forma de ser da pessoa porque, sempre que tem de enfrentar um problema, vê que é mais fácil não tomar decisão (e assim desistir até estar preparado para o enfrentar) do que tomar uma decisão que pode ser negativa, mas que também pode ser positiva. Para mim essa é a raiz do problema porque sempre tive dificuldades em lidar com a negação.
Os meus sonhos nunca foram diferentes de qualquer outra pessoa: muitos são impossiveis e inatingiveis, mas a maioria deles são bastante realistas e palpáveis, e que com um pouco de coragem ou ambição podemos facilmente torná-los verdade. Ir lá, tentar, participar!
Um de entre muitos que não tentei, porque não me achava capaz de superar, era ser piloto-aviador. Ao longo do tempo fui formando essa minha vontade, desde pequeno, e só pensava nisso. Durante o décimo ano comecei a preparar-me fisicamente porque sabia que havia provas físicas relativamente duras, entre essas umas de ginástica e outras de natação. Na ginástica era zero e tinha medo, na natação aprenderia. Assim evitei a ginástica e desisti desse sonho porque achei que nunca seria capaz de vencer esse medo. Nunca tentei o concurso e, da mesma forma que no 10º ano comecei em segredo a minha preparação física, no 11º comecei a procurar mais informação sobre cursos dentro da área da minha preferência (aerodinâmica) e sobre as tradições e vida académica e universitária - meio alternativo.
Na verdade não me arrependo. Como disse anteriormente os caminhos alternativos levaram-me a conhecer muitas coisas e a aprender tantas outras. Mas o comportamento de base mantém-se, e é por isso que sempre que enfrento uma época de exames na Universidade essa ansiedade, esse medo de fracasso, toma conta de mim... e eu desisto, pensando que me posso preparar melhor e ter sucesso da próxima vez...
Só que para passar num exame não há formas alternativas...

Paulo Aroso Campos - paulo.aroso@zmail.pt

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